quinta-feira, 14 de julho de 2011

Exterminadores do futuro...



Exterminadores do futuro

O resultado final depende da ação de todos nós, e a fatura em breve nos será cobrada

Mario Moscatelli
 
        Não tenho a menor dúvida de que alguém, em nossa colônia, coloca alguma substância entorpecedora, brochante, imbecilizante na água oferecida à sociedade. Não pode ter outra resposta a inércia dos otários que pagam os impostos extorsivos diante de tamanha e contínua bacanal com os recursos públicos. É um escândalo após o outro independente da bandeira partidária da situação. E cadê os caras e bundas pintadas? Será que a maioria dos movimentos autodenominados populares perderam o tesão depois de terem sido muito bem alimentados por verbas federais?
      
 O silêncio é ensurdecedor!
      
 Pior são os discursos ameaçadores provenientes da boca de aspones e de pilantras engravatados, muitos deles eleitos pelo voto popular, onde a única certeza que se tem é que todo o reboliço momentâneo não irá dar em absolutamente nada, ou talvez em mais alguns carguinhos visando manter a boca fechada.Quadrilhas bem organizadas que tomam pelo voto obrigatório os vastos recursos públicos visando exclusivamente seus projetos pessoais de enriquecimento e manutenção no poder. Têm caras que eu acompanho desde a década de 70 mandando e desmandando como se ainda estivéssemos na ditadura.

        A impunidade corrói rapidamente as estruturas da DEMOCRACIA, usada e abusada exclusivamente para a manutenção da “muderna corte” transferida da antiga metrópole, situada em Lisboa, para Brasília e demais palacetes estaduais e municipais, com raríssimas exceções estatísticas.

Enquanto os escândalos se sucedem e as verbas públicas escorrem pelo ralo da corrupção, propina e superfaturamento, educação, saúde, saneamento, transporte, infraestrutura de uma forma geral continuam em sua desventura histórica.

        Em plena região metropolitana do Rio de Janeiro do século 21, praticamente toda a bacia hidrográfica foi metamorfoseada em imensos valões de fezes. Gastos de mais de 1 bilhão de dólares no famigerado PDBG, a imensa estação de tratamento da Alegria continua uma tristeza, pois a metade da mesma continua natimorta por falta do esgoto, que continua escoando bem à sua frente pelos valões diretamente para a Baía de Guanabara. Na estação de São Gonçalo, se a mesma algum dia funcionou, ninguém sabe, mas o esgoto que a mesma não trata escoa das áreas urbanizadas por valões e canais contaminando a Baía de Guanabara e o Rio Guaxindiba. Destaque: esse rio faz parte da Área de Proteção Ambiental Federal de Guapimirim no recôncavo da Baía de Guanabara, recebendo esgoto e lixo dos municípios de São Gonçalo e Itaboraí. Na primeira quinzena de julho foi encaminhada representação ao Ministério Público Federal no sentido de intimar a Cedae e os dois municípios a cessarem a criminosa degradação e recomporem o que vem sendo degradado. Me pergunto: o que anda fazendo o Ibama, que é o responsável por essa APA que não toma nenhuma providência, ao menos até onde eu saiba?

        Do que eu tenho certeza é que nunca faltou ou faltará dinheiro quando existe vontade política, e aí está o exemplo da Cidade da Música na cidade do Rio de Janeiro, surda e muda até hoje, custando ao município a bagatela de 500 milhões de reais, fruto de um “devaneio” de uma noite de verão do ex-prefeito e potencial candidato a vereador.

        Existe tecnologia para reverter a degradação ambiental e humana em minha cidade, e a motivação política está muito clara em consequência dos grandes eventos internacionais que serão efetuados por aqui. Será nossa última chance a de resgatar a imensa fatura ambiental acumulada por décadas até 2014. Mas também não tenho dúvidas de que o flagelo dessa colônia é a impunidade diária que permite que abutres humanos dentro e fora do poder público consumam o futuro, exterminando-o através de escândalos após escândalos, sem a devida punição, e sempre com um sorriso de escárnio na face de quem sabe o povo que tem.

Mario Moscatelli é biólogo e ecologista

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